Todos os dias eu começo chegando às mesmas conclusões, tomando as mesmas decisões, e termino com as mesmas dúvidas. E assim vou gastando os dias de minha vida: alimentando um círculo vicioso que adoraria destruir.
Queria saborear momentos de estabilidade, sentir a segurança de “quem lê os capítulos da novela” e sabe que a mocinha “vai se dar bem no final”, mesmo assistindo ela se despedaçar no episódio do dia.
Mas a vida não tem sinopse, resumo e muito menos script. Pra piorar, não tem nem um único autor responsável. Cada capítulo depende de você mesmo, das outras pessoas, do tempo, do clima, da conjuntura política, astrológica (?), do destino (?) e, porque não(?), de Deus (para os que têm fé).
Então, se algo está fora do controle, saiu da linha, parece torto e você não sabe o que fazer... boas novas: não há nem a quem culpar!
Sim: suas atitudes têm participação majoritária e quase sempre são elas que decidem o que vai te acontecer. Mas, às vezes, “as coisas simplesmente não têm que acontecer”: daí o universo conspira, todos os outros “redatores” se juntam e resolvem que as coisas não sairão como você deseja.
É nesse momento que você percebe que não adianta continuar esmurrando a “ponta da faca”. Mas essa descoberta não aplaca a dor de saber que não se pode mudar determinadas coisas.
É aí que nós humanos nos perdemos... nessa tênue diferença entre aquilo que podemos mudar e aquilo que não.
Antes fosse simples e existissem aqueles rótulos de advertência, como nos produtos de consumo perigoso: “O Ministério da Vida adverte: se você continuar assim, vai se lascar.”, ou, “O Ministério da Vida adverte: não desista, nem todos os obstáculos são intransponíveis”.
Tá: não é assim. Na real? “O Mistério da Vida adverte: reflita. Nada é certo nessa vida.”
Então, voltando dessa digressão barata sobre a vida, para a minha simplória e medíocre vidinha: acho que vou ter que engolir o círculo vicioso...
Vou começar o dia de hoje, chegando às mesmas conclusões, tomando as mesmas decisões. Talvez, ao cair da noite, eu termine com as mesmas dúvidas. Ou não.
Mas já que não há opção, só me resta continuar seguindo o script... e mantendo aceso o desejo de que tudo dê certo. Esperança é o que resta.
Oração que adoro e tenho impressa e colada ao lado do meu computador de trabalho:
“Concedei-nos, Senhor, a serenidade necessária para aceitar as coisas que não podemos modificar, coragem para modificar aquelas que podemos e sabedoria para distinguir umas das outras”
(Atribuem a Reinhold Niebuhr, um teólogo estadounidense, mas não asseguro a fonte).